O Sr. Lobo é uma personagem secundária do filme Pulp Fiction de Quentin Tarantino. Trata-se de um profissional, no sentido amplo da palavra, que é capaz de solucionar problemas quando as outras pessoas – ou organizações – estão bloqueadas ou não sabem o que fazer.
É caracterizado pela eficiência e know-how de um profissional que tem os conhecimentos e competências necessárias para a resolução dos problemas dos seus clientes.
A sua apresentação no filme não deixa margem para dúvidas. Simples, claro e esquemático diz: “Sou o Sr. Lobo. Soluciono problemas.” (veja o excerto do filme aqui)
Que relação há entre o Sr. Lobo e o profissional do conhecimento?
O profissional do conhecimento, assim como o Sr.Lobo, deve ver-se a si mesmo, como um fornecedor de serviços (ou soluções) da organização, que é contratado para satisfazer as necessidades de uma determinada área ou para resolver um problema específico dentro da organização.
Apesar de muitos profissionais atuais se inserirem em contextos de trabalho tradicionais, por dentro já começam a ser, sentir e agir como agentes livres e independentes da organização.
Agora planificam as suas carreiras, formação ou projetos; são responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento profissional e pela procura de informação e conhecimento necessários para desenvolver as suas atividades com profissionalismo, dentro da organização ou fora dela, como se tratassem de trabalhadores independentes ou esperassem sê-lo em breve.
O desafio, portanto, consiste em compreender que a fronteira entre a força de trabalho interna e os colaboradores externos à organização será cada vez menor.

Do relatório “The open talent economy” elaborado pela Delloitte.
Estes elementos “fechados” e “abertos” (na figura acima) coexistem em qualquer organização, em maior ou menor medida, e configuram as bases do novo exército (latente) de trabalhadores do conhecimento do qual o Sr. Lobo faz parte, inserido em algum dos estádios representados.
As entradas e saídas de profissionais na organização serão cada vez mais frequentes e em condições mais flexíveis: aumentará a procura de profissionais muito especializados e com mais frequência.
Para as organizações atentas a esta nova realidade, é urgente considerar as necessidades, objetivos e metas deste perfil de profissionais.
Se observarmos a evolução do paradigma produtivo até ao momento atual, percebemos porque razão, autores como Peter Drucker andam há praticamente 50 anos (pelo menos desde o seu livro “Landmarks of tomorow” – Os Territórios de Amanhã) a insistir na ideia de que a produtividade nas organizações – tantas vezes associada a elementos quantitativos – deve começar a incluir uma dimensão qualitativa que implique uma estratégia de relação com o talento, que valorize as pessoas, sob pena de assistirmos uma fuga de talentos para outras organizações, melhor preparadas para este novo contexto.
São os profissionais, como o Sr. Lobo – especialistas, com experiência e comprometidos com o seu saber-fazer – que vão ajudar a criar a organização no futuro, com ideias aplicáveis ao desenvolvimento de produtos ou serviços da empresa, na resolução de problemas, como parceiros e não como “empregados”.
Quer gostemos desta tendência, quer não, quer encaremos como uma oportunidade ou desafio, penso que este novo cenário capta a forma como muitos trabalhadores do conhecimento devem pensar sobre o seu futuro e a sua situação dentro do panorama atual de emprego.
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