Compreender que as organizações são, não só estruturas económicas ou empresariais, mas também sistemas sociais e humanos, foi, provavelmente, uma das conclusões mais importantes das últimas décadas.
Apesar disso e como observam autores como Hamel ou Mintzberg, o modelo de gestão dominante nos dias de hoje é praticamente idêntico ao que fora desenhado por teóricos como Fayol, Taylor ou Weber, todos eles nascidos no século XIX: job descriptions, reuniões, incentivos, reporting, hierarquias…
Esta herança histórica contrasta, fortemente, com um processo de transformação digital que está a criar novos modelos de trabalho; onde as pessoas podem dar o melhor de si se a organização lhes der a autonomia e a confiança necessárias ou onde redes complexas formam os novos ecossistemas de talento e inovação tão importantes para as estratégias e o desenvolvimento das empresas.
As organizações de hoje têm, por isso, dois desafios fundamentais: o primeiro, deixar de ver a produtividade exclusivamente sob a ótica organizacional, configurando uma espécie de cadeia de produção taylorista, para dar lugar a um tipo de produtividade criada a nível individual (indivíduos mais autónomos e produtivos que sabem aplicar eficientemente as tecnologias de informação); e o segundo, passar da ideia de que a inovação se desenvolve a nível índividual (com muitos “Steve Jobs”) para a ideia de que esta pode alcançar-se em equipa e colaborativamente.
Neste contexto, uma das reflexões mais interessantes sobre o papel da gestão, reinventada no mundo dos negócios e das organizações do século XXI, é a que nos apresenta Jurgen Appelo com o seu livro Management 3.0 #WorkOut (gratuito na versão digital).
Se não conhece este livro faça uma leitura rápida das suas 35 citações mais populares (adaptadas de um slideshare do referido autor). Nós gostamos particularmente das citações n.º 7 e n.º31. 😉
Gestão, Pessoas e Organizações em 35 citações de Jurgen Appelo
1. CONCEITOS. “O trabalho da gestão não é selecionar as melhores ideias; é criar um sistema que permita as melhores ideias emergir.”
2. AGILIDADE. “A tua organização não fica ágil acrescentando “agilidade” às competências requiridas das pessoas nas revisões anuais de desempenho.”
3. ESCALABILIDADE. “A escalabilidade é apenas difícil quando fazes crescer a tua organização como uma torre e não como uma cidade.”
4. CULTURA ORGANIZACIONAL. “Não podes simplesmente mudar a cultura de uma organização. O que podes mudar são os teus comportamentos e a tua influência.”
5. PATERNALISMO. “Tratar os trabalhadores como seres humanos adultos pode parecer senso comum, mas não é uma prática comum.”
6. CONFIANÇA. “A confiança é como o dinheiro. Pode levar-se anos a ganhá-la e poucos minutos em perdê-la.”
7. DESEMPENHO. “Antes de medir o desempenho de alguém, explica, por favor, como medes o teu próprio desempenho.”
8. INTRAEMPREENDEDORES. “Obténs o melhor dos teus colaboradores quando os tratas como empreendedores.”
9. POLÍTICAS DE INCENTIVO. “Podes ajustar os salários até que os teus dedos fiquem azuis, mas não há nenhum plano de compensação que compense a ausência de um trabalho cheio de sentido.”
10. COMPROMISSO. “Não há escassez de ideias. Há escassez de compromisso para fazê-las acontecer.”
11. MARCA. “Uma organização ultrapassa o teste da T-Shirt quando os seus colaboradores vestem orgulhosamente uma T-Shirt com o logotipo da companhia.”
12. PARADOXOS. “Se o propósito de um negócio é crescer, então, do ponto de vista biológico, podemos denominá-lo um tumor.”
13. COMUNICAÇÃO. “Gestão é 5% instrução e 95% comunicação.”
14. SISTEMA. “O coaching pessoal não é a primeira tarefa de um gestor. Gere o sistema, não as pessoas.”
15. PARTICIPAÇÃO. “As organizações crescem na direção das questões que as pessoas colocam entre si.”
16. ADAPTAÇÃO. “Uma organização adaptável responde às mudanças, enquanto que uma organização transformadora nutre-se destas.”
17. RESPONSABILIDADE. “Não importa se há gestores ou não, todos deveriam sentir-se responsáveis pela gestão.”
18. AMBIÇÃO. “A principal preocupação de muitas pessoas é escalar a escada corporativa, em vez de fazer um grande trabalho.”
19. PROPÓSITO. “O trabalho não é apenas conseguir que se façam as coisas (GTD). É também fazer as vidas melhores.”
20. REPUTAÇÃO DIGITAL. “Assume que todos os teus emails são lidos pela NSA, filtrados pela imprensa, analisados pelos teus inimigos e reenviados para a tua sogra.”
21. APRENDIZAGEM. “Devemos celebrar a aprendizagem, não os sucessos ou os fracassos.”
22. IDEIAS. “Cada minuto que perdes convencendo os outros de que a tua ideia é extraordinária, é um minuto menos fazendo-a extraordinária.”
23. MÁS INTERPRETAÇÕES. “Oh pelo amor de Deus! As pessoas estão a relacionar o número de “kudo cards” recebidas diretamente a bónus e promoções. Que alguém me pendure.”
24. PRINCÍPIOS. “Nunca esqueças que melhores princípios, não melhores práticas, é do que realmente necessitam as organizações.”
25. DINHEIRO. “Ganhar dinheiro é bom; marcar a diferença é ainda melhor. Mas ganhar dinheiro marcando uma diferença supera tudo.”
26. CRIATIVIDADE. “As pessoas criativas vão burlar o sistema. O truque consiste em aproveitar esta criatividade para fazer o sistema mais resiliente.”
27. FÉRIAS. “Se as melhores experiências da tua vida estão todas relacionadas com férias, então talvez não devas voltar ao trabalho amanhã.”
28. QUEIXAS. “Queixares-te de que os teus colegas não aceitarão a tua ideia é como um empreendedor queixar-se de que o dinheiro não fluirá na sua direção.”
29. INCENTIVOS. “Os incentivos garantem que as pessoas param de fazer as coisas só pela satisfação do trabalho.”
30. QUALIDADE. “O mundo nunca mudou com aqueles que simplesmente aceitam um mau serviço ou maus produtos.”
31. VANTAGEM. “Nunca terás a vantagem do primeiro movimento durante muito tempo se alguém tem a vantagem de aprender rápido.”
32. DELEGAR. “A delegação não é um conceito binário. Há muitos tons de cinza entre um ditador e um anarquista.”
33. CONHECIMENTO. “Os gestores estão autorizados a conhecer mais sobre os seus trabalhadores do que os próprios trabalhadores conhecerem-se entre si.”
34. FELICIDADE NAS ORGANIZAÇÕES. “O teste de agilidade definitivo é conseguir manter todos os stakeholders felizes.”
35. MAESTRIA. “Aqueles que pretendem transformar-se em maestros do seu ofício estão aconselhados a encontrar um ou dois aprendizes entusiastas.”
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