Axelle Despiegelaere (17 anos) era uma adolescente normal até que as objetivas do mundial do Brasil 2014 a colocaram no estrelato mediático.
Em poucas horas surgia uma página oficial no facebook (agora não oficial) da entretanto figura pública e que em apenas uma hora ultrapassava os 20.000 likes (neste momento, 315.000).
A imprensa de todo o mundo também não se ficou atrás, classificando a adolescente como “a cara bonita deste mundial”.
O seguinte passo viria a ser dado pela L’Oréal. A importante marca de cosméticos francesa, atraída pela imagem da rapariga, convence-a a juntar-se à marca para uma campanha publicitária nos meios sociais. Pode ver aqui o resultado.
“Tomei a minha decisão… assinei o meu contrato com a L’Oreal!” escreveu a adolescente belga no seu perfil de facebook.
Este amor à primeira vista teve um giro de 180º quando uma fotografia polémica despertou ódios nas redes sociais.
O facebook não fez caso omisso. Censurou primeiro a fotografia em causa e depois eliminou o seu perfil.
As pressas da L’Oréal
De repente, a L’Oréal viu-se num grande problema.
A fotografia da jovem promessa estava a causar um dano colateral insuportável para a marca, embora os responsáveis pela companhia prefiram desvalorizar o assunto.
Nas redes sociais as criticas não paravam, com clientes a despedirem-se e muitas mensagens de desagrado que apelavam a um boicote à L’Oréal, de modo a condenar não só a jovem como também a marca a que estava associada.
Resultado: a marca francesa cortou as relações com a jovem apenas 2 dias depois de ter sido tornada pública.
Segundo as explicações que a marca deu ao diário britânico the independent a “L’Oréal Professionnel Bélgica colaborou com ela para produzir um vídeo para o uso de meios sociais na Bélgica. O contrato já se completou”.
Mas sabemos que foi um grave problema de reputação que a forçou a dar o dito por não dito e a desvincular-se totalmente desta polémica.
A reputação de um colaborador pode impactar contra uma marca comercial?
A L’Oréal, aprendeu tardiamente que quando associamos uma marca comercial a uma personalidade, devemos ser conscientes que algum problema pessoal dessa personalidade, desconhecido e/ou imprevisível, pode impactar contra os atributos de uma marca, podendo até causar uma crise e por em risco a sua credibilidade.
Recordemos que uma empresa tem muito a ganhar quando seleciona um candidato com reputação, principalmente em determinadas indústrias, como neste caso, onde a exposição e a imagem do candidato são o principal requisito.
O que podemos aprender deste caso enquanto candidatos?
É importante consciencializar as pessoas da importância que o rasto digital tem sobre a nossa marca pessoal; o histórico que vamos construindo todos os dias na rede, expressado em opiniões ou conteúdos que publicamos consciente ou inconscientemente, mas que em última análise, geram percepções sobre outras pessoas.
Podemos dar como exemplo os recrutadores que há algum tempo identificam o melhor talento na rede e para isso procuram qualquer rasto digital. Qualquer informação que encontrem pode ser usada, quer queiramos quer não, para construir uma determinada imagem do candidato.
Cabe-nos a nós controlar a percepção que deixamos na rede, da qual pode depender, em grande medida, o nosso futuro profissional. 😉
Permitam-me discordar.
A caça desportiva é uma actividade legal, regulada e com resultados positivos factuais de conservação em muitos países durante os últimos 100 anos.
Rescindir um contrato de colaboração com base numa foto de caça é um acto de discriminação incontornável.
mais acrescento, que para além dos custos legais directos, a L’oreal enfrenta neste momento um boicote por parte dos caçadores e caçadoras à escala global. (nos EUA são 30 milhões, cerca de 10% da população).
Em suma, um exemplo de mau PR management por parte de uma Brand que deveria ter sabido fazer melhor. Sites de activismo primário são isso mesmo: muita raiva e descontrole agudo durante alguns dias até se virarem para o próximo alvo.
Paulo,
Obrigado pelo seu comentário. Este tema é muito delicado e pode ser visto sob várias perspetivas. No ponto que refere, se calhar o problema não é tanto pela pessoa envolvida ou pelo desporto da caça.
No mundo do desporto, por exemplo, tem havido alguns casos de rescisões de contratos (com patrocinadores) por causa de factos associados a personalidades, que uma vez públicos, preocupam as marcas pelo seu potencial efeito negativo e isso em parte está relacionado com o que diz no seu comentário. De qualquer forma, a ideia é estimular o debate. 😉